sexta-feira, 8 de abril de 2016

PECADOS QUE PODEM NOS DESTRUIR POR COMPLETO – PARTE 008 — A APATIA E DESÂNIMO — PARTE 004

Essa é uma série na qual pretendemos, dentro do possível, discutir alguns dos mais insidiosos pecados que ameaçam nossas almas. Trata-se de ações ou reações que caracterizam um coração perverso diante de Deus, algo com o que muitos personagens bíblicos tiveram que lutar, mas que pela graça de Deus conseguiram vencer. Nós também, como seres humanos iguais a eles estamos sujeitos a enfrentar esses mesmos pecados e temos que entender como essas situações funcionam, para poder lançar mão da graça de Deus e vencer as mesmas. A OITAVA questão que devemos analisar é:
8. A Apatia e o Desânimo


CONTINUAÇÃO

Outra passagem importante nesse contexto é —
Mateus 11:28—30
28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.
Mateus é o único dos três evangelistas sinóticos a apresentar esses versículos. Mas antes de fazer Seu convite, Jesus se apresenta como o único que pode revelar o pai, o Deus ETERNO — ver Mateus 11:27. Jesus também é o único que pode oferecer alívio para os cansados e sobrecarregados e não os sábios e os instruídos — ver Mateus 11:25. Mas é importante dizer, que o Filho não revela o Pai para satisfazer a curiosidade dos cultos e entendidos, nem para reforçar a autossuficiência dos arrogantes, mas para fazer com que os “pequeninos” venham a conhecer o Pai — versos 25 e 27 — e também para poder oferecer ao cansado e sobrecarregado o descanso escatológico — final e eterno — conforme o verso 28.
Essa atividade de Jesus já havia sido profetizada pelo anjo, quando falou com José ainda antes do nascimento de Jesus dizendo que aquele menino viria para “salvar o povo dos seus pecados —
Mateus 1:21
Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.
Diversos autores, com base nesse convite feito por Jesus e por algumas ligações superficiais, identificam o Senhor Jesus com as palavras que encontramos em –
Eclesiástico 51:31—35
31 Aproximai-vos de mim, ó ignorantes, e reuni-vos na casa da instrução
32 Por que ainda tardais nestas coisas, enquanto vossas almas sentem tanta sede?
33 Por isso abri minha boca e falei: “Vinde comprá-la sem dinheiro
34 e submetei vosso pescoço ao seu jugo; receba vossa alma a instrução, pois aí está a oportunidade de encontrá-la.
35 Vede com vossos olhos que eu pouco trabalhei, e no entanto encontrei grande repouso.
onde a sabedoria  convida os seres humanos a receberem seu jugo, exatamente como Cristo faz aqui.
Todavia, os contrastes entre Eclesiástico 51 e a passagem de Mateus são bem mais evidentes que as similaridades.
No verso 31, Siraque está apenas convidando os seres humanos a tomarem o seu respectivo jugo de ter que estudar a Torá — ensinamento ou lei — como um meio de conseguirem o descanso e serem também aceitos por Deus.
Já na passagem de Mateus, Jesus não oferece nenhum tipo de descanso temporário, mas sim o descanso escatológico eterno e definitivo, e isso, não para os que se esfalfam estudando a Torá e sim para todos aqueles que se encontram cansados e sobrecarregados pelo reconhecimento de que é impossível levar o fardo representado pela Lei de Moisés. Isso fica bem claro quando lemos os versículos de Mateus 12, onde encontramos o bem-vindo alívio à terrível compreensão legalista do Antigo Testamento —
Mateus 12:1—14
1  Por aquele tempo, em dia de sábado, passou Jesus pelas searas. Ora, estando os seus discípulos com fome, entraram a colher espigas e a comer.
2  Os fariseus, porém, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado.
3  Mas Jesus lhes disse: Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome?
4  Como entrou na Casa de Deus, e comeram os pães da proposição, os quais não lhes era lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam, mas exclusivamente aos sacerdotes?
5  Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo:
6  aqui está quem é maior que o templo.
7  Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes.
8  Porque o Filho do Homem é senhor do sábado.
9  Tendo Jesus partido dali, entrou na sinagoga deles.
10 Achava-se ali um homem que tinha uma das mãos ressequida; e eles, então, com o intuito de acusá-lo, perguntaram a Jesus: É lícito curar no sábado?
11 Ao que lhes respondeu: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali?
12 Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem.
13 Então, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e ela ficou sã como a outra.
14 Retirando-se, porém, os fariseus, conspiravam contra ele, sobre como lhe tirariam a vida.
A expressão “mim” encontrada em Mateus 11:28, do ponto de vista gramatical não apresenta nenhuma ênfase, mas quando olhamos para a mesma a partir do rastro do verso 27, ela torna-se extremamente importante. Por quê? Porque aqui temos o próprio Senhor Jesus Cristo convidando o cansado — o particípio grego sugere todos aqueles que ficaram cansados por causa da luta, da labuta pesada do dia a dia.  Já a expressão “sobrecarregados” indica o cansaço passivo de alguém que se sente sobrecarregado como uma animal de carga.
Independentemente da situação de cansaço, Jesus convida todos a se aproximarem dele e o próprio Jesus — não o Pai — promete lhes conceder o descanso que almejam e necessitam.  
Aqui, certamente temos um eco daquilo que lemos em —
Jeremias 31.25
Porque satisfiz à alma cansada, e saciei a toda alma desfalecida.
Essa promessa de Jeremias seria cumprida por meio da Nova Aliança que seria celebrada entre Jesus e os discípulos durante a celebração da Santa Ceia, poucas horas antes de Jesus ser feito prisioneiro. Apesar de não termos nenhuma necessidade de restringir a expressão “jugo” e não podemos ignorar, em nenhuma hipótese, as palavras de Jesus que encontramos em —
Mateus 23:4
Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
O descanso mencionado — conforme o uso cognato que encontramos em Hebreus 3—4 — é escatológico, de acordo com —
Apocalipse 6:11
Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.
Apocalipse 14:13
Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.
Em Mateus 11:29—30 temos a expressão “jugo” — v. 29 — que é uma canga colocada sobre animais para puxar cargas pesadas, e serve como uma metáfora para a disciplina do discipulado. Embora Jesus não esteja oferecendo essas coisas, nem por meio da adoção da lei mosaica e muito menos pela libertação de todas as restrições. Como crentes não temos obrigações com a Lei de Moisés, mas temos obrigações com a lei de Cristo que é representada, em sua essência, pelo amor.
Desse modo temos que o jugo de Jesus está diretamente relacionado com o verdadeiro discipulado cristão. Quando Jesus diz — aprendei de mim, conforme Mateus 11:27 — ele não está dizendo para os cristãos imitá-lo, ou para que aprendam da Sua própria experiência. O que Ele está dizendo é que Seus discípulos têm a responsabilidade de aprenderem por meio da revelação que apenas Jesus pode conceder, porque recebeu a mesma do Pai.
A característica maravilhosa desse convite de Jesus, tem sua base na Sua autoridade extraordinária — Mateus 11:27 — por meio da qual somos encorajados, mesmo estando sobrecarregados, a ir até Ele porque Jesus é manso e humilde de coração. Mateus enfatiza a mansidão de Jesus em diversas passagens, tais como —
Mateus 18:1—10
1 Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus?
2 E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles.
3 E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.
4 Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.
5 E quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe.
6 Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar.
7 Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!
8 Portanto, se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno.
9 Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo.
10 Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus veem incessantemente a face de meu Pai celeste.
Mateus 19:13—15
13 Trouxeram-lhe, então, algumas crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse; mas os discípulos os repreendiam.
14 Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus.
15 E, tendo-lhes imposto as mãos, retirou-se dali.
Toda essa linguagem de Jesus acerca das crianças e de como ele se relacionava com elas e da advertência que nos faz, certamente estão relacionadas com a linguagem acerca do servo messiânico que encontramos em passagens tais como —
Isaías 42:2—3
2 Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça.
3 Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito.
Isaías 53:1—2
1 Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do SENHOR?
2 Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse.
Zacarias 9:9
Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.
Essa passagem é citada em Mateus 21:5 e retorna em Mateus 12:15—21.
Jesus é o único que tem autoridade para revelar o Pai e ele faz isso aproximando-se de nós com a maior mansidão possível. Verdadeira mansidão de um servo obediente ao Pai e Senhor. Em nossos dias seu reinado messiânico não deve ser entendido como algo que é exclusivamente real e pertinente apenas ao nosso tempo. O reino messiânico de Jesus se estende a cada dia mais para cobrir todo o Universo, até que o Pai coloque todos os seus inimigos por estrado de Seus pés —
Salmos 110:1
Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
E seu reino não terá fim —
Daniel 7:13—14
13 Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.
14 Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído.
Lucas 1:33
Ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.
E é esse reino que foi tirado do povo judeu e dado ao novo povo de Deus, a Igreja, conforme a promessa de Jesus em —
Lucas 20:13—19
13 Então, disse o dono da vinha: Que farei? Enviarei o meu filho amado; talvez o respeitem.
14 Vendo-o, porém, os lavradores, arrazoavam entre si, dizendo: Este é o herdeiro; matemo-lo, para que a herança venha a ser nossa.
15 E, lançando-o fora da vinha, o mataram. Que lhes fará, pois, o dono da vinha?
16 Virá, exterminará aqueles lavradores e passará a vinha a outros. Ao ouvirem isto, disseram: Tal não aconteça!
17 Mas Jesus, fitando-os, disse: Que quer dizer, pois, o que está escrito: A pedra que os construtores rejeitaram, esta veio a ser a principal pedra, angular?
18 Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó.
19 Naquela mesma hora, os escribas e os principais sacerdotes procuravam lançar-lhe as mãos, pois perceberam que, em referência a eles, dissera essa parábola; mas temiam o povo.
A respeito da expressão “descanso”, as palavras que encontramos em Mateus 11:28 são, na realidade uma citação direta daquelas que encontramos em
Jeremias 6:16
Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos.
O motivo porque a vasta maioria das pessoas se recusa a ouvir a Palavra de Deus é bem simples. Eles não gostam da Palavra de Deus, conforme podemos ler em —
Jeremias 6:10 —
A quem falarei e testemunharei, para que ouçam? Eis que os seus ouvidos estão incircuncisos e não podem ouvir; eis que a palavra do SENHOR é para eles coisa vergonhosa; não gostam dela.
Adicione-se a isso o fato que todas as Escrituras dizem respeito a um personagem central, que é o Senhor Jesus Cristo —
João 5:39 —
Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.
Além de não desejarem ouvir a Palavra de Deus, a maioria das pessoas também se recusa a aceitar tomar sobre si mesmas, o jugo de Cristo. Mas o ζυγός zugós — jugo de Cristo é χρηστὸς chrestòs — suave, bem confortável. A expressão grega ainda significa: gentil, agradável — como oposto a difícil, duro, rígido, amargo. Por outro lado, para completar a ideia, o φορτίον fortíon — fardo de Cristo é leve. Ainda assim, o coração empedernido dos seres humanos resiste a tão amável convite, porque prefere manter pleno domínio sobre suas vidas, mesmo que essas vidas sejam muito miseráveis e cheias de sofrimentos sem fim.
Como mencionamos antes, o descanso que Cristo promete, não é apenas para a vida futura, na eternidade, mas também para ser desfrutado agora, nesse mundo. O contraste que existe entre o jugo e o fardo de Jesus, e aqueles de outras pessoas, não se refere a algum tipo de embate entre antinomianismo — falsa doutrina que alega que os cristãos são completamente livres da obediência que devem às leis civis e constitucionais nos países onde habitam — e o legalismo. Isso é impossível, porque num sentido mais profundo, as leis de Jesus apresentam exigências maiores e mais radicais do que aquelas que podemos encontrar em qualquer outro sistema. Como exemplo podemos citar os mandamentos que tratam do amor que devemos nutrir com relação a nossos inimigos, a não resistência e as leis do divórcio.
Tal contraste também não é entre a salvação pela lei e a salvação pela graça uma vez que, como diz o apóstolo Paulo —
Gálatas 2:16
Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.
Também não é entre as duras disputas ocorridas entre mestres judeus na Lei de Moisés e a abordagem humana e humilde de Jesus. Pelo contrário, o contraste que temos diante de nós é entre o fardo da submissão representado pelo Antigo Testamento e a tradição oral dos anciãos, em termos da regulamentação farisaica com suas regras para cada mínimo aspecto da vida dos indivíduos e a verdadeira libertação de se colocar sob a tutela de Jesus, que é também o manso revelador, para quem o Antigo Testamento, realmente aponta. 
Para encerrar esse tópico que trata da apatia e do desânimo, devemos olhar também as palavras que encontramos vindas da parte de Deus, que nos advertem contra a tendência, tão humana de, muitas vezes ou sempre, querer desistir de viver a vida cristã conforme —
Hebreus 10:35—39
35 Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão.
36 Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.
37 Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará;
38 todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.
39 Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma.
Para o autor da Epístola aos Hebreus, depois de terem suportado severas aflições e grandes perdas por amor ao Senhor Jesus Cristo, abandonar a confiança que tinham, como se fosse algo desprezível, não faria o menor sentido. De todas as formas de deserção que um cristão pode praticar, a apostasia[1] é, sem dúvida nenhuma, a menos razoável de todas. Dizemos isso, por causa do seu significado original que indica voltar as costas — no sentido de abandonar — aquele a quem uma vez professamos — Jesus Cristo — diante de homens e mulheres, como sendo nossa única fonte e fundamento de toda nossa confiança, e por meio do sangue de quem nos foi garantido livre acesso, em plena certeza de fé, até a presença de Deus no santuário celestial conforme lemos em Hebreus 10:19—23.
Movidos pelo desencorajamento representado pelos perigos e dificuldades do deserto, os ancestrais desses a quem a Epístola aos Hebreus foi enviada, foram tomados de um espírito de apostasia tão grande, que chegaram a se questionar dizendo —
Números 14:3
E por que nos traz o SENHOR a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos para o Egito?
De modo semelhante esses cristãos do primeiro século coriam o risco de seguir o mau exemplo de seus ancestrais — Hebreus 3:12 — abandonado o Deus que os criou e desprezando a Rocha da sua salvação — Deuteronômio 32:15. Agindo desse modo eles estariam dando uma prova cabal de que estavam mesmo abandonando a confiança que tinham no Senhor. Além disso, eles estariam retornado para a temporalidade dos bens materiais, os quais eles havia professado “lançar fora”. Isso seria um verdadeiro desastre conforme lemos em —
Hebreus 6:11—12
11 Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança;
12 para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas. 
Os cristãos são relembrados do fato que a confiança deles tem grande galardão — Hebreus 10:35. Desse modo, abandonar nossa confiança no Senhor por causa da intensidade da batalha, equivale a também abandonar nossa grande recompensa. Essa recompensa ou galardão, de glória incomparável, aguarda a todos que permanecerem fiéis até o final —

Romanos 8:18

Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.

Pedro se refere a nossa herança como algo incorruptível, sem mácula e imarcescível — que nunca murcha —

1 Pedro 1:3—4

3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,

4 para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros.

A mesma também é referida como uma coroa de justiça com a qual o próprio Senhor irá coroar todos os que amam sua vinda —
2 Timóteo 4:8

Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.

A relação da presente peregrinação com a recompensa futura é paralela a relação da fé com a esperança conforme —

Hebreus 10:37—38

37 Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará;

38 todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.

O capítulo 11 de Hebreus alarga o horizonte dessa mesma verdade — fé e esperança — até onde é possível. A grande recompensa prometida serve como um incentivo gigantesco para a perseverança, mas a mesma — a recompensa — está longe de ser o prêmio atribuído a qualquer mérito humano, como se os seres humanos fossem capazes de estabelecer qualquer tipo de merecimento diante da pessoa de Deus. A confiança que nos coroa não tem nada a ver com autoconfiança, isto é, a confiança que uma pessoa pode ter em si mesma e em seu próprio valor. Muito pelo contrário, estamos falando da confiança que alguém tem em Deus e que é a perfeita antítese do mérito humano e da autoconfiança. O sangue de Jesus, oferecido em sacrifício a nosso favor representa a substância da nossa confiança —

Hebreus 10:19—20

19 Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus,

20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne.

O único mérito no qual o crente confia é o mérito de Cristo.

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Que Deus nos abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis 

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[1] A expressão grega  ἀποστασία — apostasía — é equivalente a divórcio, repúdio ou carta de divórcio. 

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