terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

JONATHAN EDWARDS: A AGONIA DE CRISTO — UM ESTUDO — PARTE 009



O material abaixo é parte de um livro escrito por Jonathan Edwards que foi publicado em forma de e-book por:

Fonte: CCEL.org │ Título Original: “Christ’s Agony”

As citações bíblicas desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida Revisada Fiel).
Tradução por Camila Almeida │ Revisão William Teixeira

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A AGONIA DE CRISTO

Por Jonathan Edwards

“E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão.”

– Lucas 22:44 –


CONTINUAÇÃO...

Em Segundo lugar, pelo que foi que Cristo buscou tão ardentemente de Deus nesta oração.

Eu respondo em uma frase: era que a vontade de Deus fosse feita, no que se refere aos Seus sofrimentos. Mateus oferece este relato expresso sobre isso, na própria linguagem da oração que foi já fora recitada várias vezes: “Meu Pai, se este cálice não pode passar de mim sem que eu o beba, seja feita Sua vontade!” Esta é uma entrega, e uma expressão de submissão; mas não é apenas isso. Tais palavras, “seja feita a Sua vontade”, como elas são mais comumente usadas, não são entendidas como uma súplica ou pedido, mas apenas como uma expressão de submissão. Mas as palavras nem sempre devem sempre ser entendidas neste sentido na Escritura, mas às vezes devem ser entendidas como um pedido. Assim, elas devem ser entendidas na terceira petição da Oração do Senhor “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. Ali as palavras são compreendidas tanto como uma expressão de submissão, e também um pedido, como elas são explicados no Catecismo de Westminster, e assim as palavras devem ser entendidas aqui. O evangelista Marcos diz que Cristo saiu de novo e falou as mesmas palavras que Ele havia falado em Sua primeira oração (Marcos 14:39). Mas, então, nós devemos entender isso como as mesmas palavras da última parte de Sua primeira oração: “não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres”, como mostra o relato mais completo e minucioso de Mateus. Assim que a coisa mencionada no texto, pelo que Cristo estava lutando com Deus nesta oração, era que a vontade de Deus fosse feita no que refere aos Seus sofrimentos.

Mas, então, outro inquérito pode surgir aqui, a saber: o que está implícito em Cristo orando para que a vontade de Deus fosse feita no que refere aos Seus sofrimentos? A isto eu respondo,

[1.] Isto implica um pedido para que Ele fosse fortalecido e apoiado, e habilitado para fazer a vontade de Deus, passando por esses sofrimentos. O mesmo como quando Ele diz: “Eis aqui venho (No princípio do livro está escrito de mim), Para fazer, ó Deus, a tua vontade” [Hebreus 10:7]. Foi da vontade preceptiva de Deus que Ele tomasse esse cálice e bebesse; foi a ordem do Pai para Ele. O Pai lhe deu o cálice, e como que foi estabelecido diante dEle com a ordem que Ele deveria beber. Este foi o maior ato de obediência que Cristo devia executar. Ele ora por força e auxílio, para que a Sua pobre natureza humana fraca fosse apoiada, para que Ele não falhasse nessa grande prova, para que Ele não afundasse e fosse engolido, e que Sua força superasse em muito, que Ele não aguentasse, e terminasse a obediência indicada. Esta foi a única coisa que Ele temia, do qual o apóstolo fala no capítulo 5 de Hebreus, quando Ele diz, “ele foi ouvido quanto ao que temia”. Quando Ele teve um senso tão extraordinário do horror dos Seus sofrimentos impressos em Sua mente, o medo disso O assombrava. Ele estava com medo de que Sua pobre fraca força fosse superada, e que Ele falhasse em uma tão grande provação, que Ele fosse engolido por aquela morte que Ele estava para morrer, e assim, não fosse salvo da morte; e, portanto, Ele se ofereceu com grande clamor e lágrimas, Àquele que era capaz de fortalecê-Lo, e aboiá-lo, e salvá-Lo da morte, para que a morte que devia sofrer não pudesse superar o Seu amor e obediência, mas que Ele pudesse vencer a morte, e ser salvo dela. Se a coragem de Cristo falhasse no teste, e Ele não resistisse sob Seus sofrimentos de morte, Ele nunca teria sido salvo da morte, mas Ele teria afundado no lamaçal profundo; Ele nunca teria ressuscitado dentre os mortos, pois a Sua ressurreição dos mortos foi uma recompensa por Sua vitória. Se Sua coragem houvesse falhado, e Ele tivesse desistido, Ele teria permanecido debaixo do poder da morte, e por isso todos nós teríamos perecido, teríamos ainda permanecido em nossos pecados. Se Ele tivesse falhado, tudo teria falhado. Se Ele não tivesse superado esse conflito doloroso, nem Ele nem nós poderíamos ter sido libertados da morte, todos nós teríamos morrido juntos. Portanto, esta foi a preservação da morte que o apóstolo fala, que Cristo temia e orava, com grande clamor e lágrimas. Seu Ser superado pela morte era a única coisa que Ele temia, e por isso Ele foi ouvido quanto ao que temia. Este Cristo orou, para que a vontade de Deus fosse realizada em Seus sofrimentos, mesmo para que Ele não deixasse de obedecer a vontade de Deus em Seus sofrimentos; e, portanto, isso segue no versículo seguinte naquela passagem de Hebreus: “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu”. Que foi a este respeito que Cristo em Sua agonia orou tão fervorosamente, para que a vontade de Deus fosse feita, ou seja, que Ele tivesse força para cumprir a Sua vontade, e não afundasse e falhasse em tais grandes sofrimentos; é confirmado pelas Escrituras do Antigo Testamento, como particularmente a partir do Salmo 69. O salmista representa a Cristo neste salmo, como é evidente pelo fato de que as palavras do salmo são representadas como as palavras de Cristo em muitos lugares do Novo Testamento. Esse salmo é representado como a oração de Cristo a Deus quando Sua alma estava profundamente triste e assombrada, como foi em Sua agonia; como você pode ver no 1º e 2º versículos: “Livra-me, ó Deus, pois as águas entraram até à minha alma. Atolei-me em profundo lamaçal, onde se não pode estar em pé; entrei na profundeza das águas, onde a corrente me leva”. Mas, então, a única coisa que é representada como sendo o que Ele temia, estava falhando, e sendo oprimido, nesta grande provação: Versículos 14 e 15: “Tira-me do lamaçal, e não me deixes atolar; seja eu livre dos que me odeiam, e das profundezas das águas. Não me leve a corrente das águas, e não me absorva ao profundo, nem o poço cerre a Sua boca sobre mim”. Então, novamente no Salmo 22, que também é representado como a oração de Cristo sob Suas terríveis dores e sofrimentos, nos versículos 19, 20 e 21: “Mas tu, Senhor, não te alon-gues de mim. Força minha, apressa-te em socorrer-me. Livra a minha alma da espada, e a minha predileta da força do cão. Salva-me da boca do leão”. Mas foi oportuno e adequado que Cristo, quando prestes a se envolver em terrível conflito, buscasse, assim, sinceramente a ajuda de Deus para capacitá-lo a fazer a Sua vontade; pois Ele precisava da ajuda de Deus – a força de Sua natureza humana, sem a ajuda Divina, não era suficiente para sustentá-Lo completamente. Isto foi, sem dúvida, no que o primeiro Adão falhou em Sua primeira provação, de forma que quando a provação chegou, Ele não estava consciente de Sua própria fraqueza e dependência. Se Ele tivesse sido, e se inclinado em Deus, e clamado por Ele, por Sua ajuda e força contra a tentação, muito provavelmente teríamos permanecido criaturas inocentes e felizes até hoje.  

[2.] Isso implica um pedido para que a vontade e o propósito de Deus fossem obtidos nos efeitos e frutos de Seus sofrimentos, na glória de Seu nome, que foi o Seu projeto em si; e, particularmente, na glória de Sua Graça, na salvação eterna e bem-aventurança de Seus eleitos. Isto é confirmado por João 12:27-28: “Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora. Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei”. Ali, o primeiro pedido é o mesmo primeiro pedido de Cristo aqui em semelhante tribulação: “Agora está a minha alma perturbada; e que direi eu Pai, salva-me desta hora” Ele ora em primeiro lugar, como Ele faz aqui, para que pudesse ser salvo de Seus últimos sofrimentos. Em seguida, depois que foi determinado dentro de si mesmo que a vontade de Deus era de outra forma, que Ele não fosse salvo daquela hora, “mas para isto”, diz Ele, “vim a esta hora”, e então, Seu segundo pedido após este é: “Pai, glorifica o teu nome!” Portanto, isto é, sem dúvida, o significado do segundo pedido em Sua agonia, quando Ele orou para que a vontade de Deus fosse feita. Isto é, que a vontade de Deus fosse feita naquela glória de Seu próprio Nome que Ele pretendia nos efeitos e frutos de Seus sofrimentos, para que, vendo que era Sua vontade que Ele deveria sofrer, Ele sinceramente ora para que a finalidade de Seu sofrimento, na glória de Deus e salvação dos eleitos, não pudesse falhar. E estas são as coisas pelo que Cristo tão sinceramente lutou com Deus em Sua oração, do que temos um relato no texto, e não temos nenhuma razão para pensar que eles não foram expressos em oração, bem como indicados. Não é razoável supor que o evangelista em Seu outro relato dos eventos mencione todas as palavras da oração de Cristo. Ele apenas menciona a substância.

III. Em que capacidade Cristo oferece aquelas orações fervorosas a Deus em Sua agonia?

Em resposta a este inquérito, observo que Ele lhes ofereceu não como uma pessoa particular, mas como sumo sacerdote. O apóstolo fala de grande clamor e lágrimas, como os que Cristo elevou como sumo sacerdote. Hebreus 5:6-7 “Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque. O qual, nos dias da Sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas [...]” As coisas pelas quais Cristo orou naqueles fortes clamores, eram coisas que não possuem um caráter particular, mas de interesse comum a toda a Igreja da qual era o sumo sacerdote. Que a vontade de Deus fosse feita em Sua obediência até à morte, que Sua força e coragem não falhassem, mas que Ele suportasse, era de interesse comum; pois, se Ele tivesse falhado, tudo teria falhado e pereceria para sempre. E é claro, que o fato de que o nome de Deus fosse glorificado nos efeitos e frutos de Seus sofrimentos, e na salvação e glória de todos os Seus eleitos, era algo de interesse comum. Cristo ofereceu aqueles fortes clamores com a Sua carne, da mesma maneira que os sacerdotes de antigamente tinham o costume de oferecer orações com os Seus sacrifícios. Cristo misturou grande clamor e lágrimas, com Seu sangue, e por isso ofereceu o Seu sangue e Suas orações em conjunto, para que o efeito e o sucesso de Seu sangue fossem obtidos. Tais intensas orações agonizantes foram oferecidas com o Seu sangue, e Seu sangue infinitamente precioso e meritório foi oferecido com as Suas orações.

IV. Por que Cristo foi tão intenso naquelas súplicas? Lucas fala delas como muito intensas; o apóstolo fala deles como grande clamor; e Sua agonia, em parte, consistiu nesta intensidade, e o relato que Lucas nos oferece, parece implicar que o Seu suor sangrento era, em parte, pelo menos, pelo grande trabalho e intenso sentido de Sua alma em lutar com Deus em oração. Havia três coisas que concorreram naquela época, especialmente para fazer com que Cristo fosse assim, intenso e comprometido.

[1.] Ele teve nessa ocasião um extraordinário senso de quão terrível a consequência seria, se a vontade de Deus deixasse de ser feita. Ele teve, então, um extraordinário senso de Seu próprio último sofrimento sob a Ira de Deus, e se Ele tivesse falhado naqueles sofrimentos, Ele sabia que a consequência seria terrível. Ele tem agora uma visão tão extraordinária do assombro da Ira de Deus, o Seu amor pelos eleitos tende a tornar mais do que ordinariamente sério que eles pudessem ser libertos do sofrimento daquela ira por toda a eternidade, o que não poderia ter sido se Ele tivesse falhado em fazer a vontade de Deus, ou se a vontade de Deus no efeito de Seu sofrimento houvesse falhado.

[2.] Não é de admirar que esse extraordinário senso que Cristo teve nessa ocasião do alto preço dos meios de salvação de pecadores, fê-lo muito intenso pelo sucesso desses meios, como você já ouviu.

[3.] Cristo teve um extraordinário senso de Sua dependência de Deus, e de Sua necessidade de Sua ajuda para capacitá-Lo a fazer a vontade de Deus nesta grande provação. Embora Ele fosse inocente, ainda assim Ele precisava de ajuda Divina. Ele era dependente de Deus, como homem, e, portanto, lemos que Ele confiava em Deus. Mateus 27:43: “Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus”. E quando Ele teve uma visão extraordinária do pavor daquela Ira que Ele devia sofrer, Ele viu o quanto isso estava além da força apenas de Sua natureza humana.

V. Qual foi o sucesso desta oração de Cristo?

A isso respondo, Ele obteve todos os Seus pedidos. O apóstolo diz: “Ele foi ouvido quanto ao que temia”; em tudo o que Ele temia. Ele obteve a força e a ajuda de Deus, tudo o que Ele precisava, e foi realizado. Ele foi capaz de cumprir e de sofrer toda a vontade de Deus; e obteve todo o fim de Seus sofrimentos – uma plena expiação pelos pecados de todo o mundo, e para a salvação completa para cada um daqueles que foram dados a Ele na promessa da Redenção, e tudo o que glorifica o nome de Deus, que em Sua mediação foi projetada para realizar, nem um jota ou um til falhou. Aqui Cristo em Sua agonia foi, acima de todos os outros, antítipo de Jacó, em Sua luta com Deus por uma bênção; em que Jacó o fez, não como uma pessoa particular, mas como chefe de Sua posteridade, a nação de Israel, e pelo que Ele obteve aquele louvor de Deus: “como príncipe lutaste com Deus” [Gênesis 32:28], e disso, foi um tipo daquele que era o Príncipe dos príncipes.

CONTINUA...

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UMA BREVE BIOGRAFIA DE JONATHAN EDWARDS
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/08/jonathan-edwards-uma-breve-biografia.html
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Alexandros Meimaridis

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