segunda-feira, 27 de maio de 2013

APOCALIPSE 12:3 — A MULHER GRÁVIDA E O DRAGÃO — PARTE 2 - ESTUDO 006



ESTE ESTUDO É PARTE DE UMA SÉRIE DE ESTUDOS APRESENTADOS EM NOSSA IGREJA ATENDENDO À SOLICITAÇÃO DE UM DOS NOSSOS MEMBROS ACERCA DE “QUEM” PODERIA SER A MULHER MENCIONADA EM APOCALIPSE 12:1? NO FINAL DESSE ESTUDO VOCÊ ENCONTRARÁ OS LINKS PARA OS OUTROS ESTUDOS DESSA SÉRIE.

VI. Uma Interpretação Histórica, Filológica e Teológica de Apocalipse 12.


Dragão com Várias Cabeças

Que tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete diademas — Apocalipse 12:3.

Já no Antigo Testamento encontramos citações onde o לִוְיָתָן — liveyatan, traduzido por “crocodilo” é mencionado como tendo várias cabeças — ver Salmos 74:14. E essa afirmação bíblica é atestada por textos encontrados em Ugarit[1]. O numeral sete na literatura apocalíptica joanina tem o sentido de algo completo e, nesse sentido, é aplicado para representar a dimensão do poder do dragão que se espalha por toda a terra. Seus diademas ou coroas são apenas uma manifestação da sua arrogância, pois pretende reivindicar para si uma condição de poder real que não lhe pertence. Apenas Jesus é chamado de REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES E ESTÁ COROADO COM VÁRIOS DIADEMAS – ver Apocalipse 19:12, 16.

Uma vez que essa imagem do dragão descrito aqui, não é desenvolvida nem ampliada pelo vidente, podemos concluir que a mesma é uma interpolação da descrição daquela besta que temos em Apocalipse 17:3, Nesse mesmo capítulo nos encontramos uma explicação mais ampla do significado das sete cabeças e dos dez chifres — ver Apocalipse 17:9—14. A expressão grega θηρίον theríon — usada para caracterizar a besta que emerge do mar — ver Apocalipse 13:1 — já foi mencionada uma vez antes — ver Apocalipse 11:7 — mas ela não deve ser confundida com o dragão, pois está subordinada ao mesmo – ver Apocalipse 13:3—4. Assim temos três bestas distintas: o dragão, a besta que emerge do mar e a besta que conduz a grande meretriz. Alguns intérpretes entendem que a referência aos dez chifres dessas bestas fazem alusão ao que está escrito em Daniel 7:7, 20 e 24, onde os chifres são visto como uma sequência ininterrupta de dez reis, de um único império global. A expressão grega κέρατα kérata — chifre, simboliza poder o que nos leva a concluir que esse dragão terá completo domínio sobre todo o mundo, algo que poderá ser alcançado mediante o uso de governantes terrenos

As “bestas” mencionadas em Apocalipse 13:1 e 17:3 são descritas como tendo sete cabeças, mas tal quantidade não é explicada na profecia de Daniel, mas apenas aqui no Apocalipse como acabamos de mencionar logo acima. Mas o profeta Isaías menciona três répteis distintos que serão destruídos por Deus — ver Isaías 27:1. De qualquer forma os estudiosos dessas expressões nos dizem o seguinte acerca delas:

Dragão com sete cabeças

O Significado das Sete Cabeças.

1. Simbolicamente significa completa sabedoria. Um intelecto tremendamente poderoso, mas tudo não passará de sagacidade de Satanás que chegará perto de aniquilar a humanidade, durante o período que a Bíblia chama de “grande tribulação” — ver Mateus 24:21 — tão grande será a destruição e devastação que sua ação causará na terra.

2. O simbolismo também salienta como é terrível esse dragão. Não estamos lidando como algum tipo de monstro ordinário no sentido de simples ou comum. Ele é terrível e poderoso da mesma forma que os antigos entediam os monstros mitológicos com várias cabeças.

3. As cabeças, provavelmente, representam governantes terrenos e humanos por meio dos quais Satanás fará valer sua vontade assassina: João 8:44 — Vocês são filhos do Diabo e querem fazer o que o pai de vocês quer. Desde a criação do mundo ele foi assassino e nunca esteve do lado da verdade porque nele não existe verdade. Quando o Diabo mente, está apenas fazendo o que é o seu costume, pois é mentiroso e é o pai de todas as mentiras — NTLH. Do ponto de vista histórico, o apóstolo João já conseguia perceber esse domínio satânico operando através de governantes humanos, por causa das terríveis perseguições conduzidas contra os cristãos e a Igreja de Cristo. Nos dias de hoje, como nossa fé nos impõe diversas limitações que não são consideradas politicamente corretas, começamos a observar diversos ataques que vão desde a classificação de “pessoas intolerantes”, passando pela perda do status de “organizações sem fins lucrativos isentas dos pagamentos de impostos” e chegando até mesmo na perseguição física.

4. Da perspectiva metafísica, as “sete cabeças” transcendem a qualquer “poder terreno”, pois estão diretamente relacionadas a Satanás, o dragão, e fazem referência ao seu poder em todas as suas dimensões: política, financeira, social e espiritual. É por meio das lideranças humanas que o poder do Diabo será manifestado sobre toda a terra.

Dragão com dez chifres

O Significado dos Dez Chifres.

1. Biblicamente a expressão chifre sempre foi usada como metáfora para força e poder.

2. Nesse caso os mesmo representam o poder de Satanás em todas as suas dimensões.

3. Da perspectiva da história esses chifres podem muito bem, representar governantes humanos que, através dos séculos, estão sempre dispostos a fazer a vontade do diabo em troca de poder humano.

4. Em nossos dias, ao que tudo indica, o chamado G8 + a Rússia, o Grupo Bildeberg, A Comissão Trilateral, o Council of Foreign Affairs seriam parte desse esquema, mas o mesmo é mutante de acordo com a vontade do Dragão que controla esses líderes como um titeriteiro que manipula as marionetes ou títeres. Os grandes líderes mundiais estão a serviço do Diabo, especialmente aqueles que se apresentam como “religiosos”.

5. Da perspectiva mística, os dez chifres de Satanás indicam seu grande poder cósmico, que transcende a qualquer situação dessa terra.

Todavia, devemos destacar que existem outras interpretações acerca desses chifres, algumas das quais devemos apontar pela possível relevância das mesmas para a nossa discussão.

1. Aqueles que interpretam o Apocalipse de forma histórica, i.e., o Apocalipse é uma narrativa ordenada dos acontecimentos históricos de forma sequencial, acabam por dividir as cabeças e os chifres em períodos históricos e não admitem a possibilidade dos mesmos se manifestarem todos em um mesmo período. Agindo assim, esses autores acabam por anular o conceito bíblico dos “últimos dias” — período que se estende desde a ascensão do Senhor Jesus até sua triunfal segunda vida — transformando o mesmo em um prolongado período histórico que dá margem às mais diversas e até absurdas especulações. Para esses intérpretes as cabeças e os chifres são “reinos” ou “períodos de governo” e não governantes individuais. Como o número 10 é usado no Apocalipse para designar o todo do reino maléfico de Satanás, então as cabeças e os chifres representam a inspiração satânica que domina o mundo através da história da humanidade.

2. Outros intérpretes rejeitam por completo qualquer conexão com o império romano, com governantes humanos e até mesmo com as bestas controladas pelo Diabo. Para esses, a descrição é exclusiva do próprio Diabo ou dragão. Para alguns desses estudiosos a descrição está diretamente relacionada com o poder cósmico do Diabo e não passa nem de perto da terra. Esses são os que acreditam que a descrição que temos diante de nós faz referência aos principados e potestades que existem nas regiões celestiais — ver Efésios 3:10 e 6:12. Todavia, é impossível dissociar o dragão das bestas mencionadas no Apocalipse, especialmente por causa da descrição que encontramos em Apocalipse 13:2—4. O dragão manifestará seu poder por meio da besta e será adorado como se fosse o próprio Deus, através da besta, já que o dragão é o deus desse mundo — conforme 2 Coríntios 4:3—4: Porque, se o evangelho que anunciamos está escondido, está escondido somente para os que estão se perdendo. Eles não podem crer, pois o deus deste mundo conservou a mente deles na escuridão. Ele não os deixa ver a luz que brilha sobre eles, a luz que vem da boa notícia a respeito da glória de Cristo, o qual nos mostra como Deus realmente é — NTLH. João evita repetir a blasfêmia dizendo: Quem é semelhante à besta? Em vez de dizer o que os adoradores da besta realmente afirmam: QUEM É SEMELHANTE A deus? Essa besta de apocalipse 13 é o personagem humano no qual o próprio Diabo irá se encarnar — imitando o Verbo Eterno de Deus que se encarnou no homem que conhecemos como Jesus.
O dragão com todo seu imenso poder e com toda sua sabedoria está totalmente dedicado ao mal e deseja destruir não apenas a Igreja, mas o próprio Jesus. Por isso, Paulo nos adverte com palavras tão sérias acerca da verdadeira batalha espiritual que é contra esses inimigos espirituais que estão, na realidade, por trás das aparências humanas. Apesar dos seres humanos não serem isentados da responsabilidade, a última causa do mal se encontra no diabo e seus demônios que controlam os seres humanos com grande facilidade, explorando a vaidade, o orgulho, a ganância e tantas outras fraquezas do caráter humano — ver Efésios 6:11.    

Se perdermos essa compreensão, então nunca poderemos, de fato, entender o Apocalipse.

Dragão com sete coroas

O Significado dos Sete Diademas.
A palavra grega διαδήμα diadéma — que originalmente se referia a fita ou faixa azul que era marcada com branco, usada pelos reis da Pérsia para prender o turbante ou a tiara, em tempos posteriores veio a significar: ornamento real para a cabeça ou coroa. Essa expressão ocorre duas outras vezes no livro do Apocalipse — ver 13:1 e 19:12. Independente de sua aparência física o diadema sempre foi reconhecido como “coroa real”. Na LXX em Isaías 62:3 encontramos essa expressão: διάδημα βασιλείας diadema basileías — coroa real com relação ao próprio Deus.

Outra expressão grega também mencionada no Novo Testamento é στέφανον stéfanov — coroa ou grinalda ou guirlanda que era dada como prêmio aos vencedores nos jogos públicos. Podia ser confeccionadas de folhas, de frutos ou outros materiais da natureza. A expressão também era usada como nome próprio como temos em Atos 6:8 onde lemos Στέφανος — Estêvão — cujo significado preciso é: coroado. Sacerdotes também usavam coroas — geralmente chamadas de mitras — como era costume na antiguidade entre os persas, os assírios e os egípcios. As mitras usadas pelos dignitários da Igreja Católica Apostólica Romana são copiadas desses povos e não tem nada a ver nem com o judaísmo — os sacerdotes judeus usavam turbantes — nem com o verdadeiro cristianismo onde tal uso foi completamente abolido.

A interpretação desses diademas na cabeça do dragão não muito difícil. Do mesmo jeito que o Senhor Jesus tem muitos diademas em sua cabeça — conforme Apocalipse 19:12 — o invejoso dragão também se ornamenta com vários diademas. A diferença é que, no caso dele, os mesmos não valem nada. Os diademas do dragão estão, provavelmente, relacionados com os reis da terra que ele domina e que estão dispostos a tudo para fazer a vontade de Satanás. Os números sete e dez são referência ao fato que o governo satânico será “completo e perfeito” enquanto assim Deus permitir. Os alicerces do domínio satânico são a maldade e a perversão — oposto aos de Cristo que são retidão e justiça. Tudo isso serve apenas para nos indicar que durante os últimos dias, a grande perseguição não será apenas orquestrada pelo Diabo, mas será, diretamente, controlada por ele através desses reinos tirânicos por excelência. Assim podemos resumir o que temos dito da seguinte maneira:
1. Satanás é apresentado como um dragão para representá-lo como inimigo terrível e furioso. Sua sabedoria se consuma na prática do mal e ele sempre irá encontrar seu “homem” ou “homens” dispostos a fazer sua vontade de perversão e injustiça.

2. O contexto geral imediato, todavia, nos mostra que no final Jesus irá triunfar sobre Satanás e nós, os crentes, porque estamos em Cristo também iremos triunfar sobre esse nosso adversário. Já nos dias de hoje, nenhum mal — definitivo — pode atingir o crente verdadeiro.

3. O que João entende e deseja nos transmitir é que o coração do mal é a “vontade maligna”. Quando um coração se entrega ao maligno — à prática do mal — atinge o ponto mais profundo que o ser humano pode atingir. Esse é o ponto em que o mal é praticado com devoção. Trata-se de se dedicar ao mal de forma apaixonada. É o desejo de participar até mesmo de coisas que não se pode participar. É o desejo de se apossar do trono de Deus, como se isso fosse possível. É o delírio último do ser caído, seja humano ou não humano!

OUTROS ESTUDOS EM APOCALIPSE 12

001 — INTRODUÇÃO – Literatura Apocalíptica e o Conceito de Quiasmo

002 — INTRODUÇÃO – Tema Central e Significado Perene

003 — APOCALIPSE 12:1A — VIU-SE UM GRANDE SINAL NO CÉU — UMA MULHER — PARTE 1 

004 — APOCALIPSE 12:1B — VIU-SE UM GRANDE SINAL NO CÉU  — UMA MULHER  — PARTE 2

005 — APOCALIPSE 12:2—3 — A MULHER E O DRAGÃO — PARTE 1

006 — APOCALIPSE 12:3 — A MULHER E O DRAGÃO — PARTE 2

007 — APOCALIPSE 12:4 — A MULHER E O DRAGÃO — PARTE 3

008 — APOCALIPSE 12:5 — A MULHER E O FILHO QUE ELA DEU À LUZ

009 — APOCALIPSE 12:6 — A FUGA DA MULHER E A PROVISÃO DIVINA

010 — APOCALIPSE 12:7 — A PELEJA NO CÉU — PARTE 1

011 — APOCALIPSE 12:8 — A PELEJA NO CÉU — PARTE 2

012 — APOCALIPSE 12:9 — O DRAGÃO, A ANTIGA SERPENTE, SATANÁS E O DIABO

013 — APOCALIPSE 12:10 — O DRAGÃO FOI EXPULSO DO CÉU

014 — APOCALIPSE 12:11 — VENCEDORES POR CAUSA DO SANGUE DO CORDEIRO E PORQUE NÃO AMARAM MAIS APRÓPRIA VIDA

015 — APOCALIPSE 12:12 — FESTA NOS CÉUS E DORES NA TERRA

016 — APOCALIPSE 12:13 — O DRAÇÃO FOI ATIRADO PARA A TERRA

017 — APOCALIPSES 12:14 — A MULHER FOGE PARA O DESERTO

018 — APOCALIPSES 12:15—18 — O DRAGÃO DESISTE DA MULHER E VAI PERSEGUIR O RESTANTE DO POVO DE DEUS — FINAL
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2014/05/apocalipse-121517-o-dragao-persegue-o.html

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.



[1] Ugarit (atual Ras Shamra, em árabe: رأس شمرة, significando "topo/cabeça/capa do funcho selvagem") foi uma antiga e cosmopolita cidade portuária, situada na costa mediterrânea do norte da Síria, alguns quilômetros ao norte da cidade moderna de Latakia. Ugarit enviava tributo ao Egito e mantinha vínculos diplomáticos e comerciais com o antigo Chipre (chamado então de Alashiya), documentados nos arquivos recuperados do sítio arqueológico e corroborados pela cerâmica cipriota e micênica descoberta ali. O apogeu da cidade ocorreu de cerca de 1450 a.C. até 1200 a.C — extraído da Wikipádia.

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